Proprietários de carros de origem japonesa podem, por enquanto, ficar tranqüilos. Do presidente dessas empresas ao atendente do balcão de peças, a garantia é a mesma: o Brasil não está sendo afetado pela paralisação – total ou parcial – nas linhas de produção do Japão. Surpreendidas pelo terremoto seguido de tsunami que juntos devastaram parte do país há exatas três semanas, Toyota, Honda, Suzuki, Mitsubishi e Subaru recorreram à interrupção das fábricas, enquanto Mazda e Nissan se dizem amparadas pelo atual estoque.
As seis marcas presentes aqui – a Mazda é a exceção – justificam a imunidade atual do Brasil alegando que os acervos nacionais suprem à necessidade de peças com certa folga, dado o grande volume de componentes que naturalmente as empresas dispõem. “A MMC Automotores do Brasil tem estoques de produtos e peças, inclusive para o pós-venda, para os próximos meses”, tranqüiliza a Mitsubishi, que ainda assim mantém a cautela alegando que “está avaliando a situação causada pela tragédia e seus possíveis impactos no negócio”. Já a Suzuki mostra mais confiança: “a rede trabalha com estoques bem maiores e tem pulmão para absorver o abastecimento por muito tempo. Além disso, as peças têm uma diversidade de fornecedores em diversos lugares do mundo”. Segundo a marca, o mesmo vale para componentes de carros mais antigos.
Melhor estruturadas e com maior volume de vendas no mercado brasileiro, Nissan e Honda revelam previsões mais claras. A primeira assegura que sustentará o cronograma para pedidos do mês de maio, enquanto a segunda garante que é possível manter a capacidade de produção igualmente até maio, considerando que o índice de nacionalização dos seus veículos feitos em Sumaré (SP) é de 80%. Uma atualização da situação da Nissan – que também descarta, por ora, problemas na sua operação mexicana – no Japão será anunciada hoje (1/4), e a Honda avisa que retomará a normalidade da produção, lá fora, na próxima segunda-feira. A Toyota não explica a situação no Brasil, apenas informando que suas plantas no Japão estão paradas, já que a prioridade neste momento é amparar os funcionários que foram vítimas, direta ou indiretamente, dos desastres.
Plano B
Se a posição oficial das montadoras mostra certo controle da situação, nas concessionárias o clima é ainda mais tranquilo. Eduardo Putini, gerente de Peças da Honda Daitan, explica que o nível de abastecimento da marca é “excepcional”, e que o índice de peças não disponíveis imediatamente é de apenas 2%. Componentes mais complexos, segundo Putini, continuam demorando de 10 a 15 dias para serem enviados. Situação parecida ocorre na Toyota Tsusho: as peças mais incomuns demandam, como sempre demandaram, de 20 a 30 dias de espera, informa o consultor da concessionária. Nas outras marcas consultadas pela reportagem de Autoesporte, a resposta, curiosamente, é praticamente a mesma: “ainda não chegou nada para nós quanto a isso, nenhuma peça está em falta”.
Questionadas sobre um possível Plano B, caso a produção no Japão não se recomponha conforme o desejado e as filiais brasileiras enfrentem falta de peças, nenhuma montadora soube o que responder. Exceto a Suzuki, que diz acompanhar diariamente os acontecimentos no Japão e ter alguns planos estratégicos para o Brasil, sem contar, no entanto, quais são tais planos. O tsunami que atingiu o Japão, devastando boa parte do país, teve a indústria automotiva como uma das principais vítimas. A onda, que já chegou aos EUA, ainda não alcançou o Brasil, mas é bom considerar que algumas gotas podem respingar por aqui.
Fonte: Auto News